quinta-feira, 23 de junho de 2011

Economia em português

Nunca como nestes dias houve tanto interesse público sobre questões económicas. O tempo da economia aumentou nas TV e o espaço nos jornais cresceu. Não vale apenas dizer outra vez que numas e noutros a opinião económica continua a ser muito pouco diversificada. Mesmo assim “o público” já se apercebeu de que entre os economistas as análises divergem e cada vez mais exige ouvir outras opiniões. Em muitos locais do país reúnem-se grupos, tertúlias, para discutir questões económicas, realizam-se colóquios, promovem-se debates. Os próprios meios de comunicação social são por vezes obrigados a dar voz a opiniões económicas dissonantes.

Os economistas - tanto os proselitistas da lei e da ordem dos mercados, como os que acreditam na possibilidade de alterar instituições, relações de poder e, portanto, o quadro das restrições – são obrigados a falar português corrente.

Aqui vos deixo Jorge Bateira, um dos promotores da Economia com Futuro, e a sua opinião económica, em português corrente e sem “papas na língua”.





terça-feira, 21 de junho de 2011

Por onde anda o ensino da economia?

O ensino da economia permanece impenetrável à turbulência em que o mundo mergulhou. Os pressupostos acerca da racionalidade dos agentes económicos e das virtualidades do livre funcionamento dos mercados continuam a fazer esteio nos curricula de licenciaturas em Economia na quase totalidade das universidades nacionais e estrangeiras. Os pressupostos são, no entanto, falsos porque não servem para descrever o comportamento real dos agentes económicos, nem o funcionamento dos mercados. Acrescente-se, como já foi referido por Keynes (1936), “que o seu ensinamento se mostra enganador e desastroso quando tentamos aplicar tais pressupostos aos factos da experiência”. A nossa vivência dos últimos tempos é bem reveladora disso … Inquietações trazidas pelo artigo de João Pinto e Castro, no Jornal de Negócios, e que podem ser lidas aqui.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Educação com futuro

É preciso regressar à década de noventa do século passado, para encontrar uma reflexão sistémica aprofundada sobre a educação e encontrar frases como estas: a educação é uma utopia necessária ou esta outra colocar a educação ao longo de toda a vida no coração da sociedade.
Em vésperas de formação de novo governo e, ainda, em fase expectante, cabe apelar à nova governação para que não se deixe encandear com as luzes de um qualquer “austeritarismo” cego que apenas olha ao corte na despesa, esquecendo que o importante para bem decidir é uma análise rigorosa de custos e benefícios, tendo sempre por referência os objectivos a atingir.
No caso da educação, só uma miopia agravada pode deixar de lado a devida ponderação dos objectivos de uma educação de qualidade para todos, realizada com a motivação e a participação empenhada, cooperativa e responsável, por parte de todos os seus agentes.
Confesso que, no programa do partido que ganhou as últimas eleições, não encontrei grandes luzes sobre o futuro da educação no nosso País, mas confio em que, uma vez eleito, o governo que vier a formar-se tenha a sabedoria de começar por ouvir as vozes de docentes e não só que querem sinceramente uma melhor educação em Portugal, conhecem a situação concreta e têm propostas para a melhorar e preservar uma escola pública de qualidade.
Pelo que vou escutando, antecipo uma mini agenda de assuntos prioritários:
- reavalie-se a experiência dos agrupamentos e retirem-se daí as devidas conclusões, incluindo correcções nos casos mais gritantes e disfuncionais;
- suspenda-se de imediato o processo burocrático da avaliação de professores e corrijam-se injustiças já cometidas;
- elabore-se novo estatuto do aluno que promova a responsabilização e reforce a autoridade dos docentes e funcionários;
- repense-se o modelo de gestão, aproveitando da experiência havida;
- estude-se uma reforma curricular digna desse nome;
- eliminem-se as estruturas intermédias (direcções regionais) e outras da administração central que se apresentem desnecessárias;
- exija-se uma formação científica inicial dos professores que dê garantia de um ensino de qualidade e cuide-se da formação em serviço;
- proceda-se a uma auditoria urgente da parceria público-privada Parque escolar e retirem-se dela as devidas ilações.
Manuela Silva

domingo, 5 de junho de 2011

Economia Portuguesa: uma Economia com Futuro

A Conferência Economia Portuguesa: uma Economia com Futuro, que terá lugar a 30 de Setembro de 2011 na Fundação Calouste Gulbenkian pretende ser um momento de debate público de ideias e propostas, que reúna e ponha em diálogo o conhecimento que se encontra disperso na sociedade e no mundo académico, sem a devida visibilidade no espaço público.

É objectivo da conferência dar lugar a um debate plural sobre os problemas da economia portuguesa e as várias propostas alternativas de construção do futuro, partindo de questionamentos diversos acerca do modelo de desenvolvimento dominante e do tipo de “ciência económica” que o sustenta. Estão em debate temas como o lugar de Portugal na economia global, a crescente “financiarização” das economias, o lugar de Portugal na União Europeia e a arquitectura da zona euro e as contradições e tensões específicas da economia portuguesa.Ver programa aqui.      

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Estratégia de desenvolvimento a prazo – uma tarefa inadiável


A premência dos problemas com que Portugal se defronta hoje não pode fazer perder de vista os disfuncionamentos estruturais do actual modelo de desenvolvimento global e os dilemas a ele associados de que Portugal também se ressente. Isso não nos dispensa – antes impõe – que procuremos desenhar para Portugal uma estratégia de desenvolvimento sustentável a prazo, com objectivos claros e o reconhecimento exacto dos recursos nacionais que devem e podem ser mobilizados e valorizados. Assim se escreve no Compromisso/Apelo  constitutivo da rede “Economia com futuro”. Ver aqui.
O Acordo subscrito pelo Governo português, com a sua imensa lista de metas visando prioritariamente o equilíbrio financeiro a curto prazo, não pode – não deve – fazer esquecer a indispensável e urgente mobilização de recursos técnicos e políticos com vista à definição de uma estratégia de desenvolvimento, que mereça um amplo consenso e se mostre capaz de assegurar a coesão social. É esta uma tarefa inadiável.