Desde há muito que considero e publicamente defendo que o Desafio da “Coesão Territorial” é uma questão central nos impasses e oportunidades dos nossos Desenvolvimentos. Hoje essa ideia está reforçada e mais clara. Porque os desequilíbrios territoriais continuam a agravar-se e, principalmente, porque concluo que a desvinculação das Pessoas e actividades económicas com os Territórios é a causa das causas das nossas actuais Crises.
Esta visão e postura aérea não tem a ver connosco Humanos, porque não somos Pássaros. Nós temos obrigatoriamente de ter cabeça, tronco e membros ligados à Terra. Só artificialmente e a espaços planamos sobre a Terra. Quando somos afastados dos nossos Locais-Comunidades vamos perdendo identidades e visões humanistas. Vamos sacrificando os nossos futuros, particularmente os dos vindouros, porque nas pressas dos voos do já, hoje e na hora perdemos lucidez estratégica.
Exemplo claro e brutal do afirmado são os “Impérios Financeiros”, que voam nos céus observando e intervindo em todas as partes do Mundo, mas sempre desligados dos Territórios e das Gentes. E todos sabemos o que essas práticas e posturas provocaram no nosso Mundo, Continente, País, Região e Local. Diremos que uns encavalitados lhes vai faltando o ar e outros sem calor de largas envolvências humanas vão arrefecendo, mas uns e outros tristes e sem irem tocando e perspectivando as possíveis felicidades terrenas.
Exige-se, pois, que se desenhe e incremente Estratégias que gerem “uma combinação virtuosa de Gentes & Territórios para o Progresso. Esta é uma opção de vida ou morte para TODOS NÓS E PARA O NOSSO PLANETA.
Repovoar e descongestionar Territórios será imprescindível. Mesmo do ponto de vista estritamente económico, densidades demográficas equilibradas favorecem um desenvolvimento sustentável, particularmente agora com o estreitamento de distâncias, face ao avanço fabuloso das comunicações entre Pessoas e Territórios.
Este caminho implica que todas as lideranças – políticas, sociais, económicas e territoriais – se envolvam neste Desígnio, o que significa abandonar “mais do mesmo” e combater os “lobbys conservadores”. Ao Estado exige-se Políticas Públicas que incrementem, favoreçam e facilitem este caminho, seguindo as conclusões das avaliações críticas do que foi e não feito nas últimas três décadas. À Sociedade Civil Organizada caberá o imprescindível papel de mobilização dos actores e empreendedores nos diferentes Territórios para, de forma conjugada, para novos e renovados projectos e iniciativas. Mobilização que exigirá divulgação, sensibilização e formação de grande qualidade e amplamente participada.
Como diz o Povo, “mais vale tarde, que nunca!”. Mas o tempo URGE!
Façamo-nos ao caminho!
José Carlos Albino
Messejana, 26 de Setembro de 2011.
Nota : - Sugiro leitura ou releitura do Artigo de Miguel Sousa Tavares na última edição do “Expresso”, intitulado “O que correu mal? “.